terça-feira, junho 25, 2013

O PT está velho




O PT está velho. O PMDB, O PSDB e o DEM também. O PSOL envelheceu moço e  a REDE da Marina já é um feto enrugado. O Jornal Nacional e todos os outros telejornais estão cadavéricos. Foi esse o filme que vi após vinte dias de manifestação. Instituições antes mediadoras agora são nulas ou impeditivas. Sendo direto: são um pé no saco. Engessam o curso das coisas. Ou ‘a fluidez’ como dizem os pós-modernos.

Alguns afirmam (como eu mesmo cheguei a afirmar) que esse discurso contra os partidos é golpe. É natural essa reação porque persiste no país o trauma da ditadura (daí a importância de serem julgados os torturadores). E de fato, alguns deram combustível para a neurose através do discurso fascista ‘meu partido é minha pátria’, e no bojo, os skinheads e neonazis vieram pro pau. Mas pensando friamente esses ameaçam tanto a democracia quanto a seleção do Taiti ameaça a Copa do Mundo.

A bandeira apartidária não necessariamente é fascista. Revela antes uma insatisfação geral com o sistema de representação. Os partidos políticos não estão mais em sintonia com as demandas da sociedade. Precisou um grupo de jovens sem qualquer estrutura, assembleias, atas, para levantar a questão da mobilidade urbana, tema chave das metrópoles. Agora se discute o custo das empresas de ônibus, a tal da caixa preta.  As câmeras e as assembleias silenciaram-se nesses anos. Um dos muitos silêncios que esfriaram a relação instituição política - sociedade.

A velha mídia não ficou em situação melhor. Imagens de violência policial feitas pelos próprios manifestantes são espalhadas na rede, comentadas e discutidas a exaustão. Novos grupos de mobilização são formados em torno das questões lançadas.  Quem precisa do William Bonner? Lembro-me de uma declaração do apresentador dizendo que todo dia cumpre orgulhosamente a missão de levar a notícia de forma mais clara possível  ao telespectador.  No entanto, ninguém mais precisa dessa 'clarividência'. Ninguém mesmo -  não só a intelectualidade ou a massa crítica. No máximo o jornal se torna, ele próprio,  curiosidade a ser comentada nas redes. Nesse sentido, os Datena e Wagner Montes tem mais chance de se perpetuar porque fazem seus próprios shows, produzem “polêmicas”. Jornais meramente informativos estão fadados ao fracasso porque já não tem o monopólio da informação, nem sequer conseguem acompanhar o ritmo da produção das redes sociais.

O editorial “Ultrapassou os limites” (22/06) de ‘O Globo’ marcou a mudança de posição do jornal passando a criticar os manifestantes por rechaçar os partidos políticos. Estava assim: (..) uma das várias zonas de perigo em que entrou o movimento é a ideia, também ilusória, subjacente às manifestações, de que, na democracia, é possível atingir objetivos políticos à margem dos partidos. O problema é que, se goste deles ou não, pensar em alguma tramitação ao largo dos partidos é enveredar por atalhos golpistas. Alguns viram nisso motivação econômica do jornal já que a Copas das confederações de exclusividade da TV Globo em tese poderia perder popularidade. Não é isso. ‘O Globo’ deixou de apoiar porque viu ali que estava sendo, tal qual os partidos políticos, deixado para trás. Ambos fazem parte de um mesmo universo – um sistema articulado de ‘coletivas de imprensa’,  assessoria, ibope, boca de urna, debate na TV, troca de favores. O seu auge talvez tenha sido em 89. Época em que a Globo foi decisiva para a eleição de seu candidato, Collor de Melo. Mas agora tenta gritar “olha, eu ainda sou importante”.

Os pós-modernos contrapõe as instituições verticais, hierarquizadas às novas formas horizontais de comunicação, notadamente a grande rede. Se as instituições vão desaparecer algum dia eu não sei. O que eu sei é o filme que eu vi.  Dois velhos tentando correr no calçadão sem fôlego.

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