O PT está velho. O PMDB, O PSDB e
o DEM também. O PSOL envelheceu moço e a
REDE da Marina já é um feto enrugado. O Jornal Nacional e todos os outros
telejornais estão cadavéricos. Foi esse o filme que vi após
vinte dias de manifestação. Instituições antes mediadoras agora são nulas ou impeditivas.
Sendo direto: são um pé no saco. Engessam o curso das coisas. Ou ‘a fluidez’
como dizem os pós-modernos.
Alguns afirmam (como eu mesmo
cheguei a afirmar) que esse discurso contra os partidos é golpe. É natural essa
reação porque persiste no país o trauma da ditadura (daí a importância de serem
julgados os torturadores). E de fato, alguns deram combustível para a neurose
através do discurso fascista ‘meu partido é minha pátria’, e no bojo, os
skinheads e neonazis vieram pro pau. Mas pensando friamente esses ameaçam tanto
a democracia quanto a seleção do Taiti ameaça a Copa do Mundo.
A bandeira apartidária não
necessariamente é fascista. Revela antes uma insatisfação geral com o sistema
de representação. Os partidos políticos não estão mais em sintonia com as
demandas da sociedade. Precisou um grupo de jovens sem qualquer estrutura,
assembleias, atas, para levantar a questão da mobilidade urbana, tema chave das
metrópoles. Agora se discute o custo das empresas de ônibus, a tal da caixa
preta. As câmeras e as assembleias
silenciaram-se nesses anos. Um dos muitos silêncios que esfriaram a relação instituição
política - sociedade.
A velha mídia não ficou em situação
melhor. Imagens de violência policial feitas pelos próprios manifestantes são
espalhadas na rede, comentadas e discutidas a exaustão. Novos grupos de
mobilização são formados em torno das questões lançadas. Quem precisa do William Bonner? Lembro-me de
uma declaração do apresentador dizendo que todo dia cumpre orgulhosamente a
missão de levar a notícia de forma mais clara possível ao telespectador. No entanto, ninguém mais precisa dessa
'clarividência'. Ninguém mesmo - não só a intelectualidade ou a massa crítica. No
máximo o jornal se torna, ele próprio, curiosidade
a ser comentada nas redes. Nesse sentido, os Datena e Wagner Montes tem mais
chance de se perpetuar porque fazem seus próprios shows, produzem “polêmicas”. Jornais
meramente informativos estão fadados ao fracasso porque já não tem o monopólio
da informação, nem sequer conseguem acompanhar o ritmo da produção das redes
sociais.
O editorial “Ultrapassou os limites” (22/06) de
‘O Globo’ marcou a mudança de posição do jornal passando a criticar os
manifestantes por rechaçar os partidos políticos. Estava assim: (..) uma das
várias zonas de perigo em que entrou o movimento é a ideia, também ilusória,
subjacente às manifestações, de que, na democracia, é possível atingir
objetivos políticos à margem dos partidos. O problema é que, se goste deles ou
não, pensar em alguma tramitação ao largo dos partidos é enveredar por atalhos
golpistas. Alguns viram nisso motivação econômica do jornal já que a Copas
das confederações de exclusividade da TV Globo em tese poderia perder
popularidade. Não é isso. ‘O Globo’ deixou de apoiar porque viu ali que estava
sendo, tal qual os partidos políticos, deixado para trás. Ambos fazem parte de
um mesmo universo – um sistema articulado de ‘coletivas de imprensa’, assessoria, ibope, boca de urna, debate na TV,
troca de favores. O seu auge talvez tenha sido em 89. Época em que a Globo foi
decisiva para a eleição de seu candidato, Collor de Melo. Mas agora tenta
gritar “olha, eu ainda sou importante”.
Os pós-modernos contrapõe as instituições
verticais, hierarquizadas às novas formas horizontais de comunicação, notadamente
a grande rede. Se as instituições vão desaparecer algum dia eu não sei. O que
eu sei é o filme que eu vi. Dois
velhos tentando correr no calçadão sem fôlego.
Nenhum comentário:
Postar um comentário