DE QUEM É O TOTALITARISMO?
É verdade que a contra-crítica do secretário de Cultura Sergio Sá Leitão (devolvendo a pecha de totalitarista a Ferreira Gullar ao afirmar que o poeta era simpatizante do stalinismo) foi de mau tom. Faltou malícia política para um secretario de governo, como aliás já havia faltado a figura do presidente no episódio Larry Rother. Mas isso em nada ofusca a atitude vergonhosa das viúvas da Embrafilme, que mais uma vez mostraram seu senso de oportunismo, ao articular um abaixo assinado pedindo a cabeça do secretário. Como num enredo de novela mexicana made in Brasil a compaixão de Luis Carlos Barreto, Zelito Vianna e Cia pelo poeta Gullar pesou mais do que o nobre espírito democrático de disputar um edital em pé de igualdade com as demais produtoras de cinema.
Roberto Farias diz que vê exagero na reposta de Sergio Sá Ferreia mas não vê exageros na decisão de seus colegas de pedirem a cabeça do secretário. Poderia até parecer normal (em se tratando dese Brasil, claro) esse pedido de demissão se Caetano Veloso não tivesse se apressado em esclarecer para o leitor os interesses que há em jogo. Diz o intelectual, revelando uma curiosa noção de gestão da coisa pública, que “não é admissível que Cacá Diegues precise se explicar para conseguir produzir filmes com freqüência”. Na cabeça do compositor, Diegues por ser uma espécie de Bergman brasileiro , deveria ser um suserano do nosso imposto, sendo demagógica a exigência de ter que se sujeitar às exaustivas etapas de seleção do edital como se fosse os demais. Ora, seguindo o raciocínio do compositor um concurso público para juiz não deveria abarcar os renomados juristas, porque estes como tais figuras proeminentes já teriam direito a uma cadeira cativa. Mas a cadeira, meu caro baiano, segue a constituição e portanto é impessoal, colocada como direito a todos.
A cada dia que passa fico mais constrangido ao ver a elite brasileira debater-se diante da democracia. Talvez acreditassem que o que liam sobre a Revolução Francesa não passasse de requisitos ginasiais. eih, acordem. Aquilo que leram de fato aconteceu. E foi há mais de dois séculos
Nenhum comentário:
Postar um comentário