DE QUEM É O TOTALITARISMO?
É verdade que a contra-crítica do secretário de Cultura Sergio Sá Leitão (devolvendo a pecha de totalitarista a Ferreira Gullar ao afirmar que o poeta era simpatizante do stalinismo) foi de mau tom. Faltou malícia política para um secretario de governo, como aliás já havia faltado a figura do presidente no episódio Larry Rother. Mas isso em nada ofusca a atitude vergonhosa das viúvas da Embrafilme, que mais uma vez mostraram seu senso de oportunismo, ao articular um abaixo assinado pedindo a cabeça do secretário. Como num enredo de novela mexicana made in Brasil a compaixão de Luis Carlos Barreto, Zelito Vianna e Cia pelo poeta Gullar pesou mais do que o nobre espírito democrático de disputar um edital em pé de igualdade com as demais produtoras de cinema.
Roberto Farias diz que vê exagero na reposta de Sergio Sá Ferreia mas não vê exageros na decisão de seus colegas de pedirem a cabeça do secretário. Poderia até parecer normal (em se tratando dese Brasil, claro) esse pedido de demissão se Caetano Veloso não tivesse se apressado em esclarecer para o leitor os interesses que há em jogo. Diz o intelectual, revelando uma curiosa noção de gestão da coisa pública, que “não é admissível que Cacá Diegues precise se explicar para conseguir produzir filmes com freqüência”. Na cabeça do compositor, Diegues por ser uma espécie de Bergman brasileiro , deveria ser um suserano do nosso imposto, sendo demagógica a exigência de ter que se sujeitar às exaustivas etapas de seleção do edital como se fosse os demais. Ora, seguindo o raciocínio do compositor um concurso público para juiz não deveria abarcar os renomados juristas, porque estes como tais figuras proeminentes já teriam direito a uma cadeira cativa. Mas a cadeira, meu caro baiano, segue a constituição e portanto é impessoal, colocada como direito a todos.
A cada dia que passa fico mais constrangido ao ver a elite brasileira debater-se diante da democracia. Talvez acreditassem que o que liam sobre a Revolução Francesa não passasse de requisitos ginasiais. eih, acordem. Aquilo que leram de fato aconteceu. E foi há mais de dois séculos
segunda-feira, janeiro 09, 2006
quarta-feira, janeiro 04, 2006
NOTA EXPLICATIVA (ou será o contrário?) E PROMESSAS
Hesitei alguns segundos mas pressionado pela ação do tempo (cujo andar não cessa jamais) disse, meio constrangido o título ao Diego Navarro para que este pudesse enfim completar a inscrição no blogger.com. Assim surgiu “Invenção e Fuga”, um blogue com um nome meio pretensioso decerto, mas que me pareceu ali naquele momento algo que iria de encontro a um antigo desejo nascido em conversas à distância com meu primo Clóvis da Gama: a criação de um site em que pudéssemos escrever livremente sobre estética e filosofia. Portanto, o nome de certa forma caía bem já que em duas palavras definia-se a própria essência e motivação da arte.
Ocorre que o blogue nasceu em meio ao referendo das armas e senti a necessidade (Há momentos que não podemos nos dar o luxo de contemplar vernissages) de colocar pra fora tudo aquilo que pensava , tudo aquilo que não encontrava na imprensa , mesmo quando os artigos eram favoráveis a minha posição. Não havia uma voz sequer que me aliviasse e que eu pudesse dizer “enfim, esse cara disse o que queria dizer!”. Não, a minha verdade continuava muda, e então, surge a oportunidade de criar um blogue através da sugestão de meu amigo Navarro... (tenho que organizar melhor minhas idéias senão acabo voltando para o início do texto). Em decorrência disso o blogue apresentou uma nítida dissonância entre o título os dois textos iniciais de cunho político.
Mas deixando de lado essa minha explicação, que ninguém quer mesmo saber, o fato é que o referendo se foi, e com ele os textos sobre política (assunto que para mim está cada dia mais obscuro). Mas o interessante dessa história é que, tempo depois, eis que surge o primeiro texto que faz jus ao título do blogue - “Sobre Um Certo Início” - publicado pelo digníssimo Clóvis e que, para a minha grata surpresa, tece palavras sobre o meu recém-realizado filmete (meu é modo de dizer, já que um filme é sempre obra de um conjunto). Jamais poderia prever , naquelas elucubrações que tínhamos sobre escrever na grande rede, que o primeiro texto seria dedicado não ao teatro de Sófocles (especialidade clóviniana) ou ao cinema de Antonioni mas a uma humilde obra deste que vos escreve. Obrigado Clóvis pelas belas palavras dirigidas ao filme. Mesmo sabendo que o seu veredicto exposto na resenha foi fortemente influenciado pela amizade que temos (Afinal, que diferença faz? Quem não gosta de ouvir elogios?), penso que o curta o tocou de alguma forma, sobretudo por registrar uma terra pela qual nutrimos tanto carinho.
Bom, finalmente termino prometendo, como parte das promessas de começo de ano, para os meus três leitores, Navarro, Clóvis da Gama e eu mesmo (vivo insistindo pra minha namorada ser a quarta leitora ), que serei mais regular nas postagens do blogue (conto com sua sempre valorosa contribuição, Clóvis). Ah, e tentarei dormir antes das quatro da madruga também : ) Esse 2006 promete !
Hesitei alguns segundos mas pressionado pela ação do tempo (cujo andar não cessa jamais) disse, meio constrangido o título ao Diego Navarro para que este pudesse enfim completar a inscrição no blogger.com. Assim surgiu “Invenção e Fuga”, um blogue com um nome meio pretensioso decerto, mas que me pareceu ali naquele momento algo que iria de encontro a um antigo desejo nascido em conversas à distância com meu primo Clóvis da Gama: a criação de um site em que pudéssemos escrever livremente sobre estética e filosofia. Portanto, o nome de certa forma caía bem já que em duas palavras definia-se a própria essência e motivação da arte.
Ocorre que o blogue nasceu em meio ao referendo das armas e senti a necessidade (Há momentos que não podemos nos dar o luxo de contemplar vernissages) de colocar pra fora tudo aquilo que pensava , tudo aquilo que não encontrava na imprensa , mesmo quando os artigos eram favoráveis a minha posição. Não havia uma voz sequer que me aliviasse e que eu pudesse dizer “enfim, esse cara disse o que queria dizer!”. Não, a minha verdade continuava muda, e então, surge a oportunidade de criar um blogue através da sugestão de meu amigo Navarro... (tenho que organizar melhor minhas idéias senão acabo voltando para o início do texto). Em decorrência disso o blogue apresentou uma nítida dissonância entre o título os dois textos iniciais de cunho político.
Mas deixando de lado essa minha explicação, que ninguém quer mesmo saber, o fato é que o referendo se foi, e com ele os textos sobre política (assunto que para mim está cada dia mais obscuro). Mas o interessante dessa história é que, tempo depois, eis que surge o primeiro texto que faz jus ao título do blogue - “Sobre Um Certo Início” - publicado pelo digníssimo Clóvis e que, para a minha grata surpresa, tece palavras sobre o meu recém-realizado filmete (meu é modo de dizer, já que um filme é sempre obra de um conjunto). Jamais poderia prever , naquelas elucubrações que tínhamos sobre escrever na grande rede, que o primeiro texto seria dedicado não ao teatro de Sófocles (especialidade clóviniana) ou ao cinema de Antonioni mas a uma humilde obra deste que vos escreve. Obrigado Clóvis pelas belas palavras dirigidas ao filme. Mesmo sabendo que o seu veredicto exposto na resenha foi fortemente influenciado pela amizade que temos (Afinal, que diferença faz? Quem não gosta de ouvir elogios?), penso que o curta o tocou de alguma forma, sobretudo por registrar uma terra pela qual nutrimos tanto carinho.
Bom, finalmente termino prometendo, como parte das promessas de começo de ano, para os meus três leitores, Navarro, Clóvis da Gama e eu mesmo (vivo insistindo pra minha namorada ser a quarta leitora ), que serei mais regular nas postagens do blogue (conto com sua sempre valorosa contribuição, Clóvis). Ah, e tentarei dormir antes das quatro da madruga também : ) Esse 2006 promete !
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