É corrente a tese de que o carnaval é uma festa onde ricos e pobres, familas e prostitutas, bandidos e mocinhos se divertem juntos mas em nenhum evento isso é tão verdadeiro como os blocos de rua. Ao contrário do trio elétrico baiano, em que o apartheid social é cada vez mais denunciado pela rede Band de TV, ou dos desfiles das escolas de samba que há muito assumiram o papel de cartão-postal-pra-inglês-vê, nos blocos de rua o que vale é a esponteidade do povo, sem barreiras socias ou econômicas. Neles não há cordão de isolamento nem crachá. Qualquer um pode chegar, sambar e fantasiar-se como bem entender.
É verdade que muitas vezes paga-se um preço por isso, como a falta de organização e de segurança. O desafio está em aliar a esponteneidade popular à convivência pacífica que é aliás um desafio comum à toda a democracia. O poder público, concretizado em suas instituições (ao contrário do que pensam algumas cabecinhas ingênuas ou maldosas que se dizem libertárias) deve contribuir para se chegar nesse equilíbrio. Ponto para a prefeitura carioca que colocou mictórios públicos e guardinhas para organizar o trânsito. O povo alegre, pulou e cantou pelas ruas do rio, ainda que fosse uma alegria êfemera, própria do carnaval. Que venha o próximo.
FOTO: Bloco da Ansiedade, Laranjeiras. 28/02/2006
quinta-feira, março 02, 2006
SOBRE O CARNAVAL QUE PASSOU
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